Chile - Santiago

A maravilhosa Santiago é, sem dúvidas, uma das três melhores capitais da América do Sul. Moderna e organizada, tem um centro histórico limpo que reúne prédios históricos. Os cerros são interessantes atrações, além de diversos museus fáceis de chegar com bicicleta. Reúne bairros atrativos, cada um com suas peculiaridades e que conta com belo visual da Cordilheira dos Andes ao fundo. 

Principais atrações
Geral
- Palácio de La Moneda
- Praça de Armas
- Catedral de Santiago
- Teatro Municipal
- Biblioteca Nacional
- Mercado Central
- Estação Mapocho
- Centro Gabriela Mistral
- Sky Costanera

Parques

- Parque Forestal
- Parque Arauco
- Monte Santa Lucia
- Monte São Cristóbal

Museus
- Museu Direitos Humanos
- Museu História Natural
- Museu Ferroviário
- Museu La Chascona
- Museu Histórico Nacional
- Museu Pré-Colombino
- Museu de Artes Visuais
- Museu Belas Artes
- Museu Arte Contemporânea
- Museu San Francisco
- Museu Mirador

Natureza
- Valle Nevado
- Cajón del Maipo

Bairros
- Noite no Bairro Lastarria
- Tarde no Bairro Itália
- Tarde no Bairro Paris-Londres

Estádios
- Estádio Nacional
- Estádio Monumental

Outros
- Vinícola Concha y Toro
- Vinícola Cousiña Macul
- Vinícola Udurraga

Minha viagem
São quatro horas de viagem até o Chile, indo de São Paulo. Partindo de Curitiba a viagem mais cedo e barata possível tinha conexão no Rio de Janeiro. Sem problemas com a meia hora a mais de voo até ao estado fluminense. O grande empecilho foi que, além das duas horas de conexão, o pior aconteceu. Uma hora e meia (!) o avião atrasou sua saída porque tinham de limpar as toaletes da aeronave. Por algum motivo não conseguiram limpar o local antes (vai imaginar o que fizeram no lugar) e, segundo informaram, era inapto voar com apenas um banheiro disponível. Com isso, a previsão de chegada no Hostel para 17 horas – o que me possibilitaria comprar pesos chilenos e visitar o Cerro Santa Lucia – acabou ficando apenas no papel – melhor dizendo, no bloco de notas do celular.  

Por outro lado, foi neste tempo de espera que eu conheci Deepanker Anand, um indiano que morou dois anos em Londres e trabalha em Viña del Mar há mais de seis meses. Ele havia passado cinco dias conhecendo o Rio de Janeiro e estava incrédulo com a situação, assim como eu – primeira viagem a passeio na vida e o voo atrasa porque alguém deve ter dado a maior cagada de sua existência no banheiro do avião. Com o indiano que não falava português, ganhei a oportunidade de praticar meu razoável inglês e desde já conhecer pessoas novas. 

Bem, enfim no voo para Santiago o fato curioso se deu por conta de, na poltrona do corredor, (ao meu lado, assim como no primeiro voo, tive a sorte de não ter ninguém) estar o mesmo passageiro que me acompanhou no trajeto de Curitiba ao Rio. Apesar de ter acordado cedo, dormi muito pouco durante o voo, motivado pela ansiedade de ver a Cordilheira dos Andes lá de cima. Após ver um pouco de uma cidade argentina, ainda havia tempo para chegar na maior cadeia de montanhas do mundo em comprimento. O piloto fez o anúncio no rádio e a partir daí todos se espreitavam nas pequenas janelas para ver um pouco do emaranhado de montanhas, todas quase inteiramente brancas com a neve por toda sua extensão – foi a primeira grande imagem de outras que viriam nos dias seguintes. 

Ao chegar em Santiago, tornei a me encontrar com Deepanker. Sempre em inglês ele me ajudou nos primeiros passos na capital chilena. Acompanhou-me no trajeto para o terminal de ônibus da cidade, o Terminal Alameda, de onde iria a pé até o hostel no Barrio Yungay. Já eram quase sete horas quando cheguei ao terminal. Deep – como comecei a chama-lo – estava com forte dor de cabeça e fiquei com ele um tempo até se recuperar totalmente e seguir sua viagem para Viña. Ele ficou muito agradecido pela ajuda e eu também. Com tudo isso, no primeiro dia só deu tempo para andar pelas movimentadas ruas vendo o povo chileno se movimentar para acompanhar a segunda partida de sua seleção na competição. Indo para o Chile Lindo a partida (um jogão) e dormiria esperando avidamente pelo dia seguinte. 

Segundo dia - o dia no Chile que estava mais ansioso, porque seria o primeiro e conheceria os principais pontos turísticos de Santiago. Antes das dez horas já estava na Calle Moneda, que na altura do Barrio Yungay é mais pacata, com chão meio asfalto, meio paralelepípedo e alguns carrils de ferros onde trem ou bondes deviam ter passado ali há muito tempo, além de árvores por toda sua extensão. As duas primeiras paradas antes de iniciar o tour pela cidade eram impreteríveis: café da manhã e compra de pesos chilenos na casa de câmbio Afex da rua Agustinas – na mesma quadra há várias opções para trocar grana.

Atrasei-me cinco minutinhos para ver a Troca de Guardas na face norte do Palácio de La Moneda de frente para a Plaza de La Constitución. Como a troca é feita a cada dois dias, adiantei todo meu roteiro para poder ver o evento cívico que acontece desde 1851, criado para guardar o patrimônio que é a atual sede da Presidência da República do Chile e que era a antiga Casa da Moeda do país (um pouco de história, olha só). Terminado a solenidade, segui caminho para o Museu La Chascona, mas antes pausa para uma foto da Estátua de Salvador Allende, que se suicidou em 1973 após o golpe de estado liderado por seu chefe (traíra) das Forças Armadas, Augusto Pinochet.

Do monumento segui a pé ao Museu La Chascona, uma das antigas casas que o poeta Pablo Neruda viveu. O interior da casa não pode ser fotografado, mas é uma grande visita para conhecer uma das grandes personalidades chilenas – ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971. A casa/museu é cheia de objetos e utensílios clássicos que Neruda colecionou em visita a vários países. O mais bacana é que disponibilizam um áudio-guia que conta toda a história da casa – em uma hora conheci todo o espaço e a beleza de todos os itens que compunham a casa do escritor.

Na mesma rua cheguei ao Cerro San Cristóbal, localizado no Parque Metropolitano de Santiago. A subida é feita pelo funicular e a chegada ao topo do morro propicia uma linda vista panorâmica de uma boa parte de Santiago com a bela Cordilheira dos Andes ao fundo – pena que a poluição não deixa ver tão bem a beleza que é ver uma cidade de cima. No alto fica localizado o Santuário de La Imaculada Concepción (com um interior muito interessante e bonito) e a estátua da Virgen Cerro San Cristóbal. Lá em cima aproveitei para tomar a bebida obrigatória para quem viaja ao Chile, o Mote com Huesillos, praticamente um suco de calda de pêssego muito bom, mas que tem os Huesillos (um negócio de trigo) que não gostei muito, mas a bebida vale a pena.

A próxima parada do roteiro foi almoçar no Mercado Central, dando uma rápida passada pelo Centro Cultural Estação Mapocho, antiga estação de trens. Já era mais de duas horas e só então que tive fome. Andei por todo o local e escolhi um lugar quase na saída do mercado. Depois de muito conversar com garçom, provei a Paila Marina, um prato recheado com frutos do mar de todos os tipos. Como às três horas tinha visita guiada pelo Palácio de La Moneda, passei direto (mas sem deixar de dar uns cliques) pela movimentada Plaza de Armas, onde fica o Museu Histórico Nacional, o Correios de Chile e a Catedral de Santiago, além de mais à frente o Museu de Arte Precolombino.

Cheguei na hora certa na visita guiada no Palácio de La Moneda e o guia Pablo contou em inglês para mim e outras cinco pessoas (entre elas uma americana e seu filho) toda a rica história do casarão. Entre os detalhes da rota, há um tapete que só pode ser pisado em ocasiões em que a presidente chilena está presente (com a ênfase de Pablo em contar a história do tapete, o que fez todos brincarem repetindo “don't step on the carpet”), além de canhões localizados na parte de fora e central do palácio. História interessante, também, a da porta em que os presidentes entravam de maneira informal até o período da Ditadura Militar em que Augusto Pinochet a cobriu para evitar seu simbolismo. Hoje em dia ao final do mandato o presidente sai pela porta de forma representativa. A valorosa e interessante visita foi gratuita e durou cerca de uma hora.

O próximo ponto de visita é, também, obrigatório. O Cerro Santa Lucia, apesar de ser menor que o San Cristóbal, sendo que o único jeito de subir até seu ponto mais alto é a pé, também propicia uma gratificante vista da região central da capital chilena. São vários os lados de subida e a visão do topo garante um céu mais azul, sem alcançar a altura da camada de poluição. Entre o palácio e o morro, visitei rapidinho à Biblioteca Nacional do Chile que tem uma arquitetura muito bonita. Em seguida fui ao Museu de Belas Artes e vi várias pinturas de autoridades históricas chilenas – no mesmo local, não tive tempo de visitar o Museu de Arte Contemporânea e na saída andei um pouco pelo conhecido e comprido Parque Forestal.

Para finalizar o dia, procurei um local para jantar e depois de muito andar pelo Barrio Lastarria (lembrando que bairro é como se fosse uma vila), mais exatamente na Calle José Victorino Lastarria, encontrei no El Biógrafo a melhor opção para provar o Ceviche, peixe-branco cru junto com outros acompanhamentos. Jantei assistindo ao jogo entre Argentina e Uruguai e depois segui de metrô para o hostel – foi a primeira vez que andei no modal. 

Terceiro dia - uma coisa era certa: dez horas estaria na frente do Museu da Memória e dos Direitos Humanos para descobrir muito da época da Ditadura Militar do Chile. E assim foi. Em um museu novo e de arquitetura muito bonita, andei pelos três andares e vi relatos, fotos e vídeos de uma das épocas de maior tristeza para o povo chileno. Não há muito o que dizer, só vendo para realmente conhecer e sentir os acontecimentos da época. Após pouco mais de uma hora de visitação que começou com junto a marido, mulher e filho (que por acaso havia visto eles no aeroporto, também) e terminou com um monte de jovens que tiraram uma folga da escola para conhecer o local, segui para o Museu Nacional de História Natural, uma construção muito bonita dentro do Parque Quinta Normal. Em meio às crianças da creche, deu para curtir conhecer um pouco dos vários animais que habitam o planeta, entre outras coisas. Em seguida dei uma passadinha pelo Museu Ferroviário, com vários trens em exposição.

De lá da estação Quinta Normal segui de metrô pela linha verde direto para a estação Baquedano, onde desci para almoçar e fazer o próximo passeio: alugar uma bicicleta e andar por outros lados de Santiago. Antes, ainda deu para fotografar uma marcha pacífica dos chilenos reivindicando mais investimentos na educação do país. Prosseguindo, alugado a bicicleta, segui pedalando pelo Barrio Italia em direção ao Estádio Nacional do Chile. Com tempo livre, a possibilidade de conhecer o estádio era grande. Chegando lá, havia alguns brasileiros do nordeste do país (um deles estava com a camisa do Vitória) que já haviam conhecido o estádio e me convidaram para ir com eles ao Estádio Monumental, mas como estava de bicicleta não havia como.

Enfim, chegando no campo, o guarda disse que só poderia andar pela pista de atletismo, sem nunca pisar no gramado. Assim o fiz e dei a volta em todo o campo aonde joga o time da Universidad do Chile. Chegando na reta do outro lado, pedi para a mulher que estava limpando se eu poderia subir a arquibancada. Acho que ela quis dizer só um pouco, porque quando eu estava lá em cima no último lance apreciando toda a visão do belo “coliseu” chileno, ela pediu para que voltasse. Continuei o caminho e tirei uma foto da “Salida 8”, ponto preservado para sempre lembrar aos futuros chilenos e ao mundo um pouco dos terrores que aconteceu na época do regime militar. Quando dei a volta toda o jovem guarda me corrigiu dizendo que não podia ter dado a volta inteira, ou seja, entendi errado e poderia apenas andar de um lado para o outro, mas ainda bem, porque deu para aproveitar várias visões do recinto.

Na volta, pedalei quase dez quilômetros para chegar até o Barrio Paris que guarda a encantadora Calle Paris-Londres – nela ainda virei modelo para um estudante de fotografia, porém o cara não me passou as fotos por e-mail. Segui de bicicleta para o Museu Précolombino com históricas artes de madeira entre vários outros itens que conservam um pouco da história do mundo. Antes de devolver a bike (fiquei quatro horas com ela) ainda passei pelo Museu de História Nacional, na Plaza de Armas, e pelo Museu de Arte Contemporânea, no Parque Forestal, ambos muito interessantes e que valem a pena percorrer. 

O dia de visitação acabava ali e a próxima parada era o Estádio Monumental, casa do Colo Colo, onde Brasil e Colômbia se enfrentariam. Foi o trajeto mais longo que fiz de metrô e também o mais complicado, pois como era horário de pico e já haviam pessoas indo para a partida, foi bastante tumultuado. No caminho encontrei alguns brasileiros e ainda havia tempo para visitar o shopping Florida Center que fica ao lado – porém, sem chances de conhecer o Museu Mirador que fica no Parque República Brasil, pois faltava poucos minutos da partida e o local era um pouquinho afastado.

Com colombianos por todos os lados, os brasileiros haviam sumido no meio do mar de torcedores da seleção adversária. Grande também era o número de vendedores ambulantes que passavam vendendo toucas, luvas, camisas, entre outros adornos da seleção colombina, bem poucos da brasileira, e ainda menos do Chile, mas havia. Cheguei cedo no estádio, mas a espera não foi longa. Fui com a camisa do Atlético Paranaense e no setor aonde assistiria a partida, encontrei alguns brasileiros entre eles um atleticano que não hesitou em tirar uma foto juntos – meio bobo com tudo, pouco conversei com o cara. Com o início do jogo, o que vi era a arquibancada do estádio toda amarela, mas de torcedores colombianos que gritavam cânticos em espanhol para ajudar os jogadores em campo. Este foi meu primeiro jogo da seleção brasileira em um estádio e o Brasil jogou de azul numa partida nada boa com derrota para o time de Dunga – normal. Encerrado a peleja, segui meu rumo para o hostel para guardar as energias para o passeio do próximo dia que seria longo.

Fotos

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